terça-feira, 21 de setembro de 2010

Para refletir...

Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer

Com aquilo que fomos
E aquilo que somos nós...

(Fernando Anitelli)



segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Quanto Vale?

“Somente duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana, e eu não estou seguro sobre a primeira.”

(Albert Einstein)

Quanto vale a vida de qualquer um de nós? É uma conta que usualmente não fazemos, a não ser quando passamos por uma situação de ter que pagar para mantê-la. Quantas vidas valem o tesouro nacional e quantas dessas pagam o horário nobre na TV e na capa da revista? A vida humana virou negócio: ela vende revistas e a falta de cura da doença dá audiência.

Seja em casos de segurança, ou pela falta dela, seja pela fome, ou em qualquer outro parâmetro de análise, quanto vale o descaso pela vida humana neste país? Exemplo do que aqui escrevo é o caso do menino Fabinho, um garoto de 14 anos que, no dia 09/08/2010, faleceu de insuficiência respiratória. Submetido a um transplante de medula há quatro anos, ele desenvolveu uma doença pulmonar e necessitava de um balão de oxigênio em casa. Por falta de condições financeiras, seus pais conseguiram o equipamento na Justiça, mas nunca o receberam. Intimadas pela Justiça a fornecer ao menino o aparelho que poderia ter-lhe salvo a vida, ao custo de R$520,00 por mês, autoridades das três esferas do governo (federal, estadual e municipal) procrastinaram e ignoraram a determinação judicial.

Mas o caso do menino Fabinho é só mais um entre tantos outros espalhados pelo país. Dados confirmam que o SUS (Sistema Único de Saúde) deve, por lei, garantir tratamento a qualquer cidadão. No entanto, a realidade é bem diferente: diariamente a população que depende de saúde pública no país e os próprios profissionais da área têm de lidar com recursos escassos.

Observando esta realidade e com a proximidade da eleição, vem uma pergunta que não quer calar: Quanto vale seu voto? Porque votar? Se utilizarmos um parâmetro meramente racional nenhum cidadão iria às urnas. Se cada pessoa agisse conscientemente e perguntasse a si mesma: “O que meu voto acrescenta e altera no Governo?” as sessões eleitorais ficariam vazias. Se formos avaliar a qualidade e moralidade dos candidatos que para nós se apresentam, pensaríamos duas vezes antes de sairmos de casa no dia das eleições. Se não nos fosse imposta a obrigatoriedade do voto, talvez o “não voto” fosse um sinal de “mal estar”, um pedido por melhor qualidade política e social do país.

Não é só o sistema público de saúde que está doente, o Governo está doente: habitado por parasitas que, assim como carrapatos, escondem-se nas frestas do Congresso, Senado e das Assembléias à espera de “hospedeiros” (os eleitores) para sugar-lhes o sangue – obtendo pelo período de mais quatro anos o direito de “sugar” dos cofres públicos o que deveria ser empenhado na saúde, moradia, educação, saneamento básico e por ai vai.

É tanta sujeira que até mesmo aqueles com as mais belas intenções, ao se envolverem com política, acabam corrompidos pelo sistema. Conclusão: antes de exercermos o direito-dever príncipe da democracia – o voto – devemos colocar em pauta o que lemos e vemos por ai. Quanto vale uma vida? Quanto vale a moral e os direitos dos cidadãos que pagam um dos maiores valores de impostos do mundo e não vêem resultados deste valor empenhado ao bem da população.

Para exercer o direito estar à frente do Governo de um país é preciso, antes de mais nada, preencher os ideais de moralidade política para que o valor simbólico da democracia seja alto e que “valha a pena” investir neste país.